-
Enita l Enita ll História verídica. Foi contada para mim pelos mais velhos da reseva indígena MEKENS.
A velha Sakirap disse.
-Todos meus parentes morreram.
Os Sakirap são uma etnia indígena de raros viventes no Sul de Rondônia. Ela não sabe, mas foi a catapora quem dizimou seu povo. Fracos e com muita febre, não tinham forças para plantar como queriam os homens do Serviço de Proteção Indígena, a Funai de antigamente. Os agentes do SPI os castigavam amarrados nos troncos de árvores sem água e comida
-A senhora vem todos os dias, bem cedo, para este igarapé?
-Venho sim, gosto muito, conversar com os parentes, eles cantam para mim.
Enita a fitou, pesarosa.
- A senhora tem muitos filhos?
-Eu tinha uma filha, mas morreu
Enita não quer continuar a conversa, pensa que seria muito ruim falar da filha morta e tenta mudar de assunto. Mas, dona Iari quer continuar a conversa.
-Minha filha homem do SPI matou
- Como foi que ele matou?
-Minha filha estava esperando menino, homem do SPI falava para ela- vai trabalhar vagabunda, vai plantar- e quando ela não ia, eles amarravam ela no pé da arvore sem comida.
-E ninguém fazia nada dona Iari? Eram muitos?
-Sim, mas nossos homens estavam fracos, morrendo com muita febre.
Enita escuta enquanto ajuda a índia a lavar suas panelas de alumínio.
A velha Sakirap pede para Enita ouvir, põe a mão direita em concha sobre o ouvido e diz que os parentes cantam.
Enita ausculta. O som,parece sair do oco das árvores, melancólico e compungido.
Terminando de lavar as louças,Dona Iari levanta-se e vai descendo do jirau em direção à água chamando Enita para banhar-se. O vestido estampado de pequenas folhas verdes e desbotado de Dona Iari estava todo molhado.
Enita diz que não quer nadar, por estar muito frio,mas Iari insiste. Enita, aos poucos, mergulha.
Mais tarde, aquecendo-se no fogão a lenha, Enita é servida com um prato de bolinhos de cará e carne de queixada defumada, café e castanhas do Pará.
-Parente não vai escrever história que eu estou contando?
-Vou sim, respondeu Enita.
Autora Iracema forte Caingang
Todos os direitos reservados
Autora Iracema forte Caingang
Todos os direitos reservados
Me gusto mucho tu dibujo me hizo transladarme por unos momentos a un dia de otoño traquilo donde solo se puede respierar paz y silencio.
ResponderExcluirUn besito...gracias por visitarme .
Menina, adorei seu blog, parabéns! Abraços
ResponderExcluirOlá, Iracema! Obrigada pela visita! Ainda não tive tempo de ler seus contos, mas voltarei aqui logo, logo.
ResponderExcluirBeijos!
Agradeço sua amável visita, e vim para ver seu espaco, muito interessante, passarei sempre aqui.
ResponderExcluirabraços
Eu adoro ler o seu blog. Devo trabalhar tão difícil de entender. Mas quando eu entendo, é bonito e triste.
ResponderExcluirRoger
Adorei seu blog, Iracema! Agora tive tempo de ler alguns contos. Gostaria de sua permissão para falar sobre seu blog num congresso de literatura que apresentarei no Canadá em abril.
ResponderExcluirBeijos,
Luana
Olá, Iracema
ResponderExcluirTodo bom brasileiro deveria saber do primeiro povo que aqui estava em época da colonização, mas infelizmente estes seres fabulosos, cheios de espiritualidade, magia e profunda sabedoria foram aos poucos sendo dizimados. Tiraram-lhes a terra e confinaram-os em reservas e hoje vivem às minguas.
Graças a pessoas como você, para resgatar as histórias de vida destes povos.
A FUNAI, para mim, foi uma atrocidade no nosso país e os órgãos competentes que hoje existem também não passam de fraudes.
Que eu possa conhecer mais através de ti...
Que sempre traga belas histórias por aqui.
as histórias de nossos índios são riquíssimas de conteúdos e significados. pena que poucos brasileiros se interessem por suas verdadeiras raízes.
ResponderExcluirmeu carinho,
anderson fabiano
Querida Senora y Escritora,
ResponderExcluirUn blog interesante.
La revista independiente y multicultural El Horizonte Literario Contemporaneo tiene ahora un nuevo website.
Su direccion es la siguente
http://contemporaryhorizon.blogspot.com
Sera un placer para nosotros que se convirtiera en un lector constante de nuestra revista. Muchas gracias !
Todo lo mejor – Toate cele bune,
Daniel D. PEACEMAN, Editor
E-mail: drgdaniel@yahoo.com
Às vezes,dói-me ouvir histórias histórias como esta. às vezes o meu sangue diz-me, dividido entre negros e índios, de onde realmente vim. Mas, sempre, me encho de orgulho.Mas, sempre, é bom saber ter vindo de povos generosos e vencedores. Sempre me pego a cantar por estarem ainda aqui, dizendo: não somos vencidos, sabemos lutar, insistir, prosseguir, continuar e amar.
ResponderExcluirParabéns Iracema pelo seu blog, é importante conhecermos nossa cultura ancestral.
ResponderExcluirVoltarei mais vezes.
Abraços.
Por acaso achei o seu blog. E não poderia passar sem antes dizer que gostei e voltarei outras vezes.
ResponderExcluirBj
Ola Moça
ResponderExcluirMuito bom relato, triste !
mas necessario para nós todos.
bjos